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Sêmen De Cuca Foi Encontrado Na Menina De 13 Anos, Afirma Justiça Suiça
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O processo do caso se encontra arquivado em Berna, capital da Suíça.
- Por Anderson Santos
- 29/04/2023 01h33 - Atualizado há 1 ano
A saída do treinador do Corinthians devido a uma condenação judicial na Suíça reacendeu um caso que gerou grande repercussão há 34 anos. Hoje, o site ge divulgou com exclusividade a sentença que culminou na condenação o ex-jogador Cuca por violência sexual.
O processo do referido caso encontra-se arquivado nos Arquivos do Estado de Cantão de Berna, que guardam documentos históricos e processos judiciais da Suíça.
O processo em questão tem um total de 1023 páginas. Mas é na página 915 que marca o início da sentença proferida pelo juiz.
A Rede Globo teve acesso ao documento, e informou que na página 915 do processo contém informações importantes, como os nomes dos quatro condenados, sendo o primeiro deles Alexi Stival (Cuca), e os crimes pelos quais foram considerados culpados: ato sexual com menor e coação.
Vale ressaltar que o processo completo encontra-se sob sigilo e só poderá ser divulgado daqui a 110 anos.
Nesta sexta-feira (28), a diretora do Arquivo de Berna, Barbara Studer, realizou a leitura do processo em questão e confirmou informações que já haviam sido divulgadas por jornais suíços na época do julgamento e da condenação, ocorridos em 15 de agosto de 1989.
De acordo com informações divulgadas, o crime em questão ocorreu em um hotel localizado no centro de Berna, no dia 30 de julho de 1987. Cuca, juntamente com outros dois jogadores do Grêmio na época, foram considerados culpados por atos sexuais cometidos contra uma menina de apenas 13 anos.
Nome de Cuca e de outros jogadores do Grêmio estão no processo arquivado na Suíça — Imagem: Globo
Já um quarto jogador, embora tenha sido absolvido da acusação de ato sexual com menor, foi condenado por coação, uma vez que teria participado do crime.
Com base no relatório de Barbara Studer, foi identificado que o sêmen proveniente de Cuca foi encontrado no corpo da vítima, além de que ela mesma reconheceu o treinador como um dos agressores.
Recentemente, durante uma entrevista coletiva realizada na semana passada, Cuca, que acabara de ser apresentado como técnico do Corinthians, negou veementemente essas informações.
"Por três vezes a moça esteve lá na frente. Não é que não reconheceu, é que eu não estava. E ela, a vítima - não sou eu, é ela - falou: o rapaz não está, o rapaz não está. Se a vítima fala que não estava, como é que eu posso ser condenado?", declarou Cuca.
Além disso, Barbara Studer confirmou que a vítima tentou cometer suicídio após o crime ter ocorrido.
Os quatro indivíduos acusados ficaram detidos por quase um mês antes de pagarem fiança e serem liberados para retornarem ao Brasil. O julgamento foi realizado quase dois anos depois, no entanto, eles não estiveram presentes para se defenderem das acusações.
Cuca, Henrique Etges e Eduardo Hamester foram sentenciados a 15 meses de prisão, mas todos os quatro acusados receberam uma pena condicional, que está prevista na legislação suíça.
Essa sentença permite que os réus permaneçam em liberdade desde que não cometam nenhum outro delito durante um período determinado pelo juiz. No caso de Cuca e dos outros condenados, esse prazo já se encerrou, portanto, eles não serão presos por conta dessa condenação.
Conforme explicado pelo advogado suíço Peter Kriebel, a legislação da Suíça não considera a coação sexual como um crime de estupro.
De acordo com a explicação do advogado Peter Kriebel, a coação sexual é definida como o uso de violência ou ameaça para obrigar uma pessoa a tolerar ou realizar atos sexuais, enquanto o estupro é caracterizado pela presença de coito, ou seja, a penetração.
A defesa de Cuca divulgou uma nota na qual reitera que a vítima não o reconheceu, apesar da confirmação da justiça suíça em contrário. A defesa enfatizou que Cuca não teve qualquer contato físico ou relação com a vítima, e lamentou o que chamou de um linchamento irresponsável baseado em eventos que ocorreram há 34 anos.